terça-feira, setembro 25

Um deserto nas margens do Oceano Atlântico


Khanimambo

Cerca de 1.8 milhões de pessoas vivem na Namíbia. Sendo que 1.2 milhões moram na região norte perto de Angola.

Hoje a economia se movimenta pelo turismo. Há cerca de 10 anos a criação de ovelhas deu lugar às trilhas, campings e outros eco desafios do deserto.

As razões dessas mudanças são fáceis de perceber.

Um bom período de chuva por essas terras é o equivalente a um dia de chuva em São Paulo.

Já faz 6 anos que a água não cai do céu.

Além disso, na Namíbia, existem 5 diferentes ecossistemas. A paisagem muda a cada piscar de olhos. Saem as dunas, para entrar montanhas, cactos e grandes canyons.

Para sobreviver a temperaturas que podem chegar a 45C, as plantas incham seus caules para armazenar água. Outras, conhecidas como adormecidas, parecem mortas por anos enquanto esperam a próxima chuva.

Os homens também se adaptaram. Os Buchemens, como são conhecidos, podem ficar dias sem água e sem comida enquanto caçam.

Um país distante do Brasil por um oceano, ao mesmo tempo próximo em muitos aspectos.

Por aqui, a música, a dança, a conversa não são somente para os momentos de celebração.

É uma alegria que faz parte do jeito de se viver no calor do deserto.

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We are not on holiday. We are in safari!


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A aventura começou na capital, Winduek.

Atravessei o deserto num caminhão com mais 12 europeus. Percorremos mais de 6.000 km para dar a volta completa no país.

Foram noites a céu aberto. Sem teto. Um forma de encurtar a distância entre os sonhos e as estrelas.

Noites fechados nas barracas, escutando leões e elefantes rondando por perto.

Para aquecer a comida e o corpo, um fogueira toda a noite. Histórias, lendas e prosas de toda a parte do mundo quebravam o silêncio.

A cada dia uma nova paisagem. Um novo cenário para a aventura.

Uma parada e encontramos Franchesca na beira da estrada. Ela faz parte da tribo Herero e curvada perto do asfalto, costurava tecidos como quem tenta juntar partes perdidas de sua história.

Ao final, como num passe de mágica, me entrega uma boneca.

Sua imagem e semelhança.

Levo para o Brasil uma parte de sua história que ficará sempre na minha lembrança.

Mais uma parada e fomos ver os antigos desenhos dos Bushmens gravados nas pedras. Chamile, 21 anos, nos indica a rota.

Subimos e descemos montanhas como quem tenta ler e ver a histórias nas pedras.

Ao final, ela disse até logo, em Damara, um das das línguas locais:

- ! Zoaus !!

Além das letras, saíram sons e estalos de sua boca. Parece mais um canto do que uma simples despedida.

Mais um pouco de estrada, noites no meio do deserto e na fronteira com Angola encontrei Mococó.

Assim como Chamile, também tem 21 anos. Ela é Himba e vive com sua família dentro do deserto.

Tem uma filha que ainda não tem nome:

- É difícil dar nome aos filhos. Estou esperando um sinal.

Toda a manhã pinta seu corpo com um pó vermelho:

- É para fica bonita...

Os Himba acreditam no poder do que podem ver. E sua força vêm do fogo, por isso toda noite levam um pouco de fogo para dentro de suas casas para abençoar e proteger seu sono.

Para conhecer um país é preciso conhecer seu povo.

A cada dia tinha a certeza que estava no fim do mundo. Até que encontrava pessoas andando, animais selvagens, plantas e percebia que o lugar estava cheio de vida.

Mais do que uma aventura ou um safari, esse foi um tempo de conhecer um país, seu povo, seus costumes e sua terra.

Thank you, my friends!

We had the best in Namíbia.

All of you have a place and friend waiting for you in Brazil.

Don't forget: Save water, drink beer!


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Quem disse que não podemos voar?


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No começo uma sensação estranha.

Um medo que alguns segundos durassem horas.

O avião era pequeno e quase sem perceber já estava a mais de 4.000 metros de altura.

As dunas, mesmo de longe, não perdem sua imponência. Seguem grandes, mostrando quem dá o tom do deserto.

O oceano parece ainda mais infinito. Na linha do horizonte o sol já caminhava para o descanso, deixando as pequenas casas e poucas plantas douradas.

Nesta altura você tem poucas alternativas:

Seguir viagem ou tentar uma forma diferente de chegar em terra firme.

Foi o que fiz!

Depois de testar ganchos e cordas, mexi meu corpo em direção a única porta recém aberta.

O vento estava forte e soprava em direção contrária ao meu corpo.

Era o último momento para decidir se seguiria ou não em frente.

Mas, a vida nem sempre nos dá o privilégio do tempo da dúvida. Segui não escutando os meus medos.

Foram 35 segundos de queda livre a mais de 140 quilômetros por hora.

Lembro do vento.
Lembro da sensação de queda.
Lembro da adrenalina.
Lembro da vontade de gritar.
Lembro do silêncio.
Lembro e nunca vou me esquecer da sensação de liberdade!

Khanimambo