Lobolo, o casamento tradicional.
Khanimambo - Andando por Maputo, ou até mesmo por Macia, é quase impossível não entrar no meio de um roda de pessoas, celebrando a união de mais um novo casal.
Os noivos dançam, cantam e com seus familiares e amigos festejam a nova vida. Mas, quando olhamos com um pouco mais de atenção, percebemos que essas festas são o final de um longo caminho que teve que ser percorrido.
O rapaz interessado na moça, manda seus amigos à casa da pretendida. Ele não vai pessoalmente, essa tarefa é para o irmão ou primos. Os portadores do recado declaram aos pais da pretendida as vontades do noivo e como sinal de boas intenções deixam lembranças para a família.
Para a moça, normalmente um vestido ou até mesmo um brinco. Para o pai, uma bebida é de bom agrado e para mãe uma capulana ou artesanato.
Os emissários, como são conhecidos, saem de lá com a promessa de receberem em breve uma visita por parte da noiva. Essa visita é que determina o futuro da união.
Depois de cerca de um mês, os emissários, agora por parte da noiva, chegam na casa do noivo e deixam uma lista de pedidos. São pedidos que devem ser cumpridos para que eles possam se casar.
Normalmente a lista é longa, e inclui uma farda completa para o pai, roupas e vestidos para a mãe e avós e caso alguém tenha colaborado na educação da filha, tem direito de fazer parte desta lista e ser reconhecida neste momento.
A lista, principalmente na zona rural inclui também cabeças de gado e alguns mil meticais. Em Maputo e perto de zonas mais urbanas, essa tradição já permanece de forma mais simbólica. Mas, em zonas como Macia, tudo ainda é seguido conforme os ancestrais esperam.
Quando o noivo estiver pronto, ou seja, tudo da lista já comprado e organizado é a hora de uma nova visita à casa da noiva. Não vai pessoalmente de novo, manda emissários ao encontro chamado Lobolo.
Lobolar a filha é entregá-la para sua nova vida. Com todos os pedidos atendidos, não tem mais nada que impeça isso. O noivo de seu jeito, provou suas intenções. A família ficou satisfeita com sua devoção e pequenos agrados. A filha seguiu seu caminho. Não tem papéis assinados, não tem igreja, apenas a benção dos ancestrais.
A poligamia é a base das relações familiares em Moçambique, ou seja, dependendo das posses o homem repete esse ritual em média 3 ou 4 vezes ao longo da vida.
Quando perguntei para Carla e Júlio, um casal jovem de Macia, ficou claro o quanto o Lobolo é visto de forma diferente para cada geração e para cada gênero.
Ao que parece, assim como esta tradição, tantas outras estão se confrontando diariamente com a modernidade, novos valores e com o questionamento do próprio povo Moçambicano.
As novas raparigas, "ampliaram o seu mundo" por meio dos livros e não querem mais repetir todos os caminhos percorridos pelos pais.
Mas, numa coisa todos concordam e não poupam palavras: a importância da benção dos ancestrais.
- "Estamos vivendo numa terra que tem história e devemos explicações a eles."
Compor a tradição com o mundo novo será um desafio e muitas vezes uma mistura necessária. Serão precisos novos instrumentos, aprender outro ritmo e espero que no resultado dessa mistura, a beleza da música genuinamente africana continue a ser ouvida. - Khanimambo.
Os noivos dançam, cantam e com seus familiares e amigos festejam a nova vida. Mas, quando olhamos com um pouco mais de atenção, percebemos que essas festas são o final de um longo caminho que teve que ser percorrido.
O rapaz interessado na moça, manda seus amigos à casa da pretendida. Ele não vai pessoalmente, essa tarefa é para o irmão ou primos. Os portadores do recado declaram aos pais da pretendida as vontades do noivo e como sinal de boas intenções deixam lembranças para a família.
Para a moça, normalmente um vestido ou até mesmo um brinco. Para o pai, uma bebida é de bom agrado e para mãe uma capulana ou artesanato.
Os emissários, como são conhecidos, saem de lá com a promessa de receberem em breve uma visita por parte da noiva. Essa visita é que determina o futuro da união.
Depois de cerca de um mês, os emissários, agora por parte da noiva, chegam na casa do noivo e deixam uma lista de pedidos. São pedidos que devem ser cumpridos para que eles possam se casar.
Normalmente a lista é longa, e inclui uma farda completa para o pai, roupas e vestidos para a mãe e avós e caso alguém tenha colaborado na educação da filha, tem direito de fazer parte desta lista e ser reconhecida neste momento.
A lista, principalmente na zona rural inclui também cabeças de gado e alguns mil meticais. Em Maputo e perto de zonas mais urbanas, essa tradição já permanece de forma mais simbólica. Mas, em zonas como Macia, tudo ainda é seguido conforme os ancestrais esperam.
Quando o noivo estiver pronto, ou seja, tudo da lista já comprado e organizado é a hora de uma nova visita à casa da noiva. Não vai pessoalmente de novo, manda emissários ao encontro chamado Lobolo.
Lobolar a filha é entregá-la para sua nova vida. Com todos os pedidos atendidos, não tem mais nada que impeça isso. O noivo de seu jeito, provou suas intenções. A família ficou satisfeita com sua devoção e pequenos agrados. A filha seguiu seu caminho. Não tem papéis assinados, não tem igreja, apenas a benção dos ancestrais.
A poligamia é a base das relações familiares em Moçambique, ou seja, dependendo das posses o homem repete esse ritual em média 3 ou 4 vezes ao longo da vida.
Quando perguntei para Carla e Júlio, um casal jovem de Macia, ficou claro o quanto o Lobolo é visto de forma diferente para cada geração e para cada gênero.
Ao que parece, assim como esta tradição, tantas outras estão se confrontando diariamente com a modernidade, novos valores e com o questionamento do próprio povo Moçambicano.
As novas raparigas, "ampliaram o seu mundo" por meio dos livros e não querem mais repetir todos os caminhos percorridos pelos pais.
Mas, numa coisa todos concordam e não poupam palavras: a importância da benção dos ancestrais.
- "Estamos vivendo numa terra que tem história e devemos explicações a eles."
Compor a tradição com o mundo novo será um desafio e muitas vezes uma mistura necessária. Serão precisos novos instrumentos, aprender outro ritmo e espero que no resultado dessa mistura, a beleza da música genuinamente africana continue a ser ouvida. - Khanimambo.
8 comentários:
Lu,
Presentinhos para a família inteira para provar as intenções??? Amei!! Vou praticar por aqui. Sem poligamia, é claro.
Seus textos estão lindos.
beijo grande,
Renata
Escrevi no blog do Dr. Serra:
É um facto que nessa área, como em muitas outras, há especulação e, não vamos negar, a prática tem se adaptado aos nossos dias. Não me espanta por isso que os bois sejam substituidos por celulares ou outras coisas. Mal de nós se o nosso modo de agir e pensar, isto é a nossa cultura, permanecesse estática, presa às prática ancestrais que caracterizavam o lobolo nos finais do século xix e início do século XX quando Junod tão bem as estudou.
A evolução pode mesmo nos levar a que no pacote de lobolo das nossas filhas e irmãs sejam inclusos 4x4. Alguém tem a ideia de como era a sociedade quando Junod estudou os usos e costumes dos bantu? Alguém tem ideia da evolução até aos nossos dias?
Mais, não podemos tomar as práticas urbanas do lobolo como universais/generalisáveis. Sem negar que mesmo no campo haja especulação lobolária, este acto continua imbuido de um simbolismo que muitos não podem imaginar ou porque nunca assistiram a uma cerimónia dessas para além dos murros da cidade, ou porque o lobolo é aquela coisa distante que apenas tomamos conta dela como mero objecto de estudo."
normalmemte devemos conta sim aos nossos antepassados. e devemos pagar a conta valorizando a nossa cultura.
edvans (edelmiro-beira)
NORMALMENTE DEVEMOS VALIRIZAR A NOSSA ORIGEM PORQUE SE NAO FOSSE ELAS (A NOSSA ORIGEM) NOS NAO ESTARIAMOS HOJE AQUI.
normalmente devemos por a nossa cultura em pe valorizando a nossa tradicao.
Eta povinho golpista, esses moçambicanos! Não basta o "estou a pedir um trocado, pá", que se ouve a cada dez passos em maputo, eles ainda transformam até o casamento em oportunidade para arrancar dinheiro do noivo. E depois falam que foi o Ocidente que levou o capitalismo sem escrúpulos para a África. É com essa balela de "em nome dos antepassados" que o partido do tambor e da massaroca vai roubando os meticais da população, que canta feliz em nome do papá Guebuza
o casamento tradicional é importante e onito mas o que se está a viver hoje parece mais um negócio que outra coisa. o casamento tradicional já não é algosimbólico me parece mesmo a venda daprópria filha que outra coisa, vamos mudar pessoal, vamos tornar as coisas bonitas como eram.
agradecida
Lobolo é uma Grande tradição, nossa cultura e para nos traz uma boa lembrança,.. E os nossos ancestrais ficam felizes. Porque hoje em dia ficar com uma Mulher durante muito tempo sem a lobolar e ter filhos com ela sem seguir as normas.. Um dia tera grande consequências para o marido e a sua família.. Todos vamos lobolar e sejamos felizes..
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